Depois de Morrer // Julia Brito

Este fim de semana o Prisma recebe a performance Depois de Morrer de Julia Brito, num discurso entre a morte e a imaginação.

Bilhetes: 8 € (preço geral)
Reservas: teatro.depoisdemorrer@gmail.com

Sinopse: E se eu morrer? E se eu morresse hoje? E se eu morresse amanhã, o que é que eu faria hoje?
Depois de Morrer é um espetáculo em que a Morte é o ponto de partida para olharmos para a Vida. O que eu transformo na minha vida observando – e vivendo – a minha própria morte?
Se para a Neurociência, “imaginar é quase praticar”, que potenciais mudanças esta experiência desperta?


Apresentação 1 // 13.11. – 6 pm – 10 pm
Apresentação 2 // 14.11. – 6 pm – 10 pm

*** Portas abertas: 18:00 – Apresentação 19:00 ***


• • • Depois de Morrer • • •

Depois de Morrer é um espetáculo no qual a Morte é o ponto de partida para olharmos para a Vida. Um dia, Luísa acorda e percebe que está morta. É a possibilidade de um recomeço, de olhar com urgência para a própria vida.

Apesar de existirem outras interpretações sobre o conceito de morte além do sentido biológico, a morte, ao menos para o corpo físico, é um processo irreversível. A partir do conceito de algo imutável, o espetáculo Depois de Morrer tem o seu ponto de partida.Para Montaigne, “filosofar é aprender a morrer”. Para o filósofo francês, quanto mais pensarmos na morte, mais estaremos acostumados a esse acontecimento, de tal forma que, de tanto pensarmos nela, chegará um ponto em que sentiremos que a morte é inevitável e nos tornaremos livres. Já Espinoza, em seu livro “Ética”, propõe que “não há nada em que o homem livre pense menos que na morte; e a sua sabedoria não é uma meditação da morte, mas da vida”. Nesse sentido, a dramaturgia do espetáculo, baseada em improvisações de situações-chave que guiam a personagem central Luísa, percorre estes dois caminhos propostos pelos filósofos. Luísa inicia o espetáculo a imaginar a própria morte e a “vivê-la” depois de morrer, até descobrir que as suas angústias não eram sobre a morte, mas sobre a vida.

Segundo o neurocientista brasileiro Roberto Lent, imaginar é quase praticar. A imaginação é um passo importante para a aprendizagem, um treinamento. Se alguém, por exemplo, imaginar-se andando de bicicleta, as suas áreas cerebrais que vão estar ativas são muito parecidas, praticamente similares às que estão ativas quando o indivíduo está, realmente, andando de bicicleta. Ainda, para o neurocientista português António Damásio, os seres favorecidos de consciência estabelecem uma comunicação entre o mundo da regulação automática e o mundo da imaginação, abrindo caminho à criação de respostas originais num meio ambiente para o qual esse organismo não está preparado em termo de respostas automatizadas. Neste sentido, toda a investigação do espetáculo Depois de Morrer ocorre no presente concreto, na realidade, em consonância com a imaginação da personagem central, que se desenvolve ao mesmo tempo. O exercício de imaginar estabelece-se como uma potência transformadora, um manancial de aprendizagem, novas experiências e decisões.

Neste sentido, a dramaturgia de Depois de Morrer é autoral e focada no momento presente, inserindo a participação dos públicos e dialogando com a singularidade de cada apresentação. Partindo da individualidade, a dramaturgia do espetáculo Depois de Morrer caminha no sentido de encontrar as convergências entre a individualidade e a universalidade do tema. Pretende-se que cada espetáculo seja apresentado com as perspetivas daquele dia específico, onde o texto dramatúrgico, a interpretação e encenação são guiados pela particularidade de cada dia, indo potencialmente ao encontro do conceito de acontecimento teatral: único, irrepetível, focado no aqui-agora. Através de testemunhos escritos e anónimos, propõe-se a partilha de reflexões e sensações profundas de cada espectador, respeitando a individualidade e intimidade de cada um através da confidencialidade destes testemunhos. Cada espectador receberá uma caneta e um papel para interagir com o espetáculo.

Em paralelo, a obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, uma das principais obras da Língua Portuguesa, indicada pelo Plano Nacional de Leitura, tem Brás Cubas como personagem central, um “defunto autor” que narra com ironia e pessimismo as suas memórias de vida, frisando os seus fracassos e ressaltando que o “pequeno saldo” da vida foi não ter tido filhos, ou seja, não ter transmitido “a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.Posto isto, o objetivo de Depois de Morrer é dialogar com a imaginação da personagem central e dos públicos através de questões relacionadas à Morte, abrindo novas possibilidades de olhar para a Vida. Pretende-se que o saldo dessas reflexões não seja o mesmo de Brás Cubas, a olhar para a própria vida como um fracasso, mas a certeza de que aproveitou a vida e viveu completamente.


Duração: aprox. 50 minutos
Criação e Interpretação: Julia Brito
Cenografia e Figurino: Daniela Viçoso
Designer Gráfica e Fotografia: Mariana Zancheta

• • • ARTISTAS • • •

Julia Brito
Julia Brito (1990, São Paulo) é atriz e criadora licenciada em ArtesCénicas pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp – Brasil. Suaformação académica também conta com dois intercâmbios em Teatro:um na Universidade de Évora, outro na Goldsmiths College (Londres), euma iniciação científica financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo àPesquisa) intitulada “Os solos cômicos de Marcelo Médici no espetáculoCada um com seus pobrema”. Nos últimos quinze anos realizou diversasformações em Teatro, Dança e Dobragem e Voz Original com nomes como João Mota, Helena Varvaki, José Jorge Duarte, Edna Jaime, Cláudia Gaiolas, Raquel André, Dorys Calvert, João Grosso, Tatiana Motta Lima, Joana Pupo, Andreas Simmas, Georgette Fadel, Bosco Brasil e Melissa Garcia.
Atuou em espetáculos teatrais como Antígona, O casamento do pequeno burguês, Um inimigo do povo, O pedido de casamento, Boca de Ouro, trabalhando com artistas como João Mota, Verónica Fabrini, Cristina Carvalhal, Marcelo Lazzaratto, Matteo Bonfitto e João Grosso. Já trabalhou como professora de teatro com crianças, adolescentes e adultos em várias cidades do Estado de São Paulo e em Lisboa, passando por experiências como encenadora, dramaturga e designer de luz. Foi premiada com seu primeiro solo no I Festival de Monólogos Cénicos Faccamp com o solo Chão de Geleia. Integrou o elenco de curtas- metragens como atriz e apresentadora e dobrou o filme Pieles, de Eduardo Casanova, para a NETFLIX. Atualmente desenvolve o espetáculo solo Depois de Morrer com mais duas artistas na equipa com previsão de estreia para o último trimestre de 2021.


Daniela Viçoso
Daniela Viçoso (1990, Faro). Licenciada em Pintura pelas Belas-Artes de Lisboa e mestre em Design Communication: Illustration pela Kingston University, Londres. Artista no programa COMedu: Comics for Education (2019-2020), com criação de exposições e workshops em torno da BD. Ilustração comercial – Revista GERADOR, CAIS, Editora Saída de Emergência, Festival Internacional da Máscara Ibérica. Prémio Bronze no Japan International Manga Award com “Cantiga d’Erasmus”.


Mariana Zancheta
Mariana Zancheta (1989, Campinas). É licenciada em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas e possui especialização em design gráfico pela CalArts, através da plataforma Coursera. Fotografou o espetáculo “De todos os tempos se faz a história “, elaborou o projeto gráfico de álbuns musicais, como “Certos Tipos e suas canções “; artes para vários espetáculos da escola e cia de dança Banana Broadway e elaborou o logo da “Norteador Magazine”.

Apoios: Polo Cultural Gaivotas l Boavista, Câmara Municipal de Lisboa, Lugar Específico, Prisma Estúdio Lisboa

• • • NOTA INFORMATIVA • • •

Devido às novas restrições, apenas é possivel a entrada por pessoas que estejam totalmente vacinadas ou apresentem um teste covid negativo.

To receive a list of the weeks events subscribe here

Scroll to Top